A Polícia Federal de Dionísio Cerqueira (SC) cumpriu 16 mandados de busca e apreensão e 17 mandados de condução coercitiva em duas cidades catarinenses e quatro paranaenses na Operação Formiga, deflagrada anteontem para desbaratar um esquema milionário de contrabando e descaminho envolvendo os dois Estados.

Segundo o delegado Sandro Luiz Bernardi, que conduziu os trabalhos, a sonegação de impostos com a venda de produtos trazidos irregularmente da Argentina alcançaria R$ 5 bilhões. Os principais envolvidos nas operações teriam movimentado cerca de R$ 18 milhões em dois anos. 

As investigações começaram em dezembro de 2013, após a descoberta de um galpão na cidade de Marmeleiro (Sudoeste) onde eram estocados vinhos e bebidas energéticas trazidos ilegalmente da Argentina para posterior distribuição a comerciantes brasileiros. 

A apuração indicou que os produtos eram trazidos da Argentina em pequenas quantidades, em vários veículos pequenos para não chamar a atenção. A prática é denominada "contrabando formiga". Uma vez no Brasil, os produtos eram distribuídos em caminhões, com notas fiscais esquentadas, para não levantar suspeitas. 

Os policiais chegaram a uma organização criminosa constituída por quatro grupos que tinham em comum os fornecedores que atuavam a partir das cidades paranaenses Barracão e Santo Antônio do Sudoeste. Os produtos eram então distribuídos para Francisco Beltrão, Marmeleiro e Pato Branco, no Paraná, de onde partiam para os compradores na região Sul e São Paulo.

A apuração indicou ainda o envolvimento de um servidor da Receita Federal e dois terceirizados da aduana em Santo Antônio do Sudoeste, que facilitavam a passagem dos veículos, e de um policial militar de Dionísio Cerqueira que fazia a função de informante e, eventualmente, de "batedor" das cargas.

A Polícia Federal apreendeu cerca de dez veículos, entre os quais um Camaro, uma Hilux e um jet ski, além de R$ 250 mil e 70 mil pesos argentinos em dinheiro, escondidos em um sofá na casa de um dos investigados. Todos foram ouvidos e liberados.

De acordo com o delegado, mais de 20 pessoas foram indiciadas pelos crimes de contrabando, descaminho, associação criminosa, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro. A pena, em caso de condenação por todas as acusações, chega a 34 anos de prisão.