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Postada por: Jr Lopes dia 30/03/2011
Artigo: Um primeiro de Abril real
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Paulo Hamilton


Quem nunca contou uma mentira? Difícil passar neste teste apertado num país onde, de repertórios variáveis, existe mentira para tudo: mentira branca, preta, cabeluda, de arrepiar os cabelos, etc... Dizem ainda que ela tem pernas curtas, mas existem aquelas que sobrevivem ao tempo.


Há  ainda quem afirme que “a mentira é uma das habilidades que distingue o homem das outras espécies”.


Com a proximidade do dia 1º de Abril, meu caro(a) leitor(a), como seria bom, no meu entender, que certas coisas que acontecem em nossos dias ou que já ocorreram, não tivesse passado de um simples “1º de abril”. Daí teríamos a gostosa sensação de que tudo não tinha passado de uma simples brincadeira, popularmente difundida através dos tempos, como o “Dia da Mentira”.


Dentre os inúmeros acontecimentos de ontem ou de hoje, vamos imaginar estas seguintes passagens como exemplos, fatos que ocorrem no dia-a-dia de nossa Naviraí e do País.


1)- Temos alguns jovens em nossa cidade, com suas motos de escapamentos “envenenados”, que perturbam o sossego público nas noites de nossa cidade, assustando as pessoas nas ruas com seus “estouros” ensurdecedores e altas velocidades, e nem tampouco respeitando locais que requerem silêncio, como igrejas e hospitais. Que bom se tudo isso não passasse de um 1º de abril.


2)- Quando sabemos que, em pleno século XXI, ainda existem homens que agridem fisicamente as suas companheiras, num total desrespeito à mulher – cidadã, mãe, esposa, profissional, ser humano, enfim, que bom seria se tudo não estivesse acontecendo, fosse só um 1º de abril.


3)- Quando constatamos o enorme número de cães vadios, sem controle pelos seus donos, que perambulam pelas ruas de nossa cidade durante o dia e à noite, sujando-a com suas fezes, proporcionando, muitas vezes, cenas degradantes aos transeuntes, com seus acasalamentos e até mesmo mordendo as pessoas, sem que ninguém os tirem de circulação. Que bom seria se isto não passasse de um 1º de abril.


4)- Quando a população de Naviraí está sendo impedida de transitar normalmente pelas calçadas das nossas ruas e avenidas, com a exposição de todo tipo de mercadorias, quando sabemos que é dela exclusivamente o seu uso e, principalmente, o perigo ainda maior de ser “atropelada” por ciclistas vindo de todos os lados e em alta velocidade, fazendo das nossas calçadas um enorme desrespeito aos que dela necessitam transitar – homens, mulheres e crianças, fato este que constatamos diuturnamente, sem solução até o momento por parte de quem de direito deveria solucionar. Que bom que tudo isso não passasse de um 1º de abril.


5)- Que bom se o desemprego, que grassa em todo o Brasil, provocando o desespero no seio das famílias, criando o caos social que vemos na maioria das nossas cidades brasileiras, não estivesse ocorrendo e sim, mais uma imaginação de um 1º de abril.


6)- Ao constatarmos, em nossa cidade, orelhões depredados e muros pichados, atos de vandalismo que desencadeiam sentimentos de tristeza e revolta, onde parece difícil se entender como alguém pode sentir-se feliz destruindo equipamentos públicos úteis para toda a sociedade ou poluindo as paisagens com suas pichações, com palavrões e rabiscando com spray as paredes e muros de prédios particulares e órgãos públicos. Que bom que tudo isso não estivesse acontecendo, que fosse fruto de um 1º de abril.


7)- E as injustiças sociais? Citamos como exemplo dois paralelos. De um lado, o da mãe pobre, de 18 anos, em São Paulo, que roubou um pote de margarina no valor de R$. 3,00 (isso mesmo, três reais) de um supermercado, para matar a fome a fome de seu filhinho de 6 meses (matéria exibia na Rede Record), onde ficou presa durante 150 dias por causa deste desvio de conduta. Do outro lado, assistimos a entrega de propinas à turma do mensalão, ao Governador Arruda de Brasília e seus companheiros, ao Governador Roriz e sua filha e centenas de outros casos mostrados em todo o país. As leis não são respeitadas e tem gente suficientemente arrogante, prepotente e hipócrita, que mete a mão no dinheiro público, que se acham inabaláveis e que o resto do mundo que se dane. O respeito e o cuidado com o outro não tem sentido na vida desses irresponsáveis. Gostaríamos tanto que isso não tivesse acontecido, que tudo não passasse de um 1º de abril.


8)- Nos noticiários da televisão podemos assistir, diuturnamente, que jovens irresponsáveis, com seus carros, provavelmente presente de papai, em alta velocidade, têm matado pessoas inocentes, que depois se apresentam com seus advogados e provavelmente devem estar em suas mansões, sendo mimados pelos pais. Esse é o Brasil, onde quem tem grana escapa do xadrez. Se fosse o “Zé da esquina”, tivesse matado com seu fusca velho, com certeza teria sido quase morto e estaria mofando em alguma cela nojenta, onde provavelmente ficaria por muito tempo.


É a sociedade que temos, onde o valor material leva a sociedade a esquecer que o filhinho de papai matou e, como se fosse pouco, o dinheiro a leva a pensar que ele não fez nada demais.


Quem vê cara não vê coração... muitos jovens estão por aí  para “pintar e bordar”, somente porque nasceram em berços esplêndidos e, quanto aos demais mortais... Ah! Que bom se tudo não passasse de um 1º de abril.


São atropelamentos, homicídios, seqüestros, propinas, pedofilia, etc... muitas barbáries e impunidade. Impunidade... até quando meus Deus.... Até quando???


Mas, meus caros leitores e leitoras, como eu torceria enormemente mesmo, para que tudo isto que ousei escrever e muitos outros que mereceriam ser escritos, fossem fruto da minha fértil imaginação, coisas sem sentido, inverdades, que nada disso acontece, nem aqui na nossa querida Navirai e nem tampouco em nosso país, que tudo isso, enfim, foi imaginado num 1º de abril.


Ah! Se assim fosse...


Um fraternal abraço.


(Paulo Hamilton professor aposentado em Naviraí e colaborador deste site)


Fonte: Paulo Hamilton







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