Ninguém sabe ao certo onde é que Papai Noel mora. Uns dizem que é na Noruega; outros, na Finlândia e alguns, no Pólo Norte. A verdade é que Noel não quer que ninguém saiba onde vive, para conseguir trabalhar sem ser incomodado, pois seu trabalho não se resume a distribuir presentes na noite de Natal: precisa também fazer presentes; saber o que cada criança pede e o que cada uma realmente merece.

Assim, curioso e interessado em descobrir a emoção da criança ao escrever para o velhinho mais conhecido do planeta, fui em busca do endereço dele. Entre cliques e buscas, cheguei ao seu site, que se afirmava, oficial.

Em linguagem extremamente lúdica, conheci tudo sobre Noel e sua aldeia: sua casa, os auxiliares, os duendes e os clubes deles; o depósito e a loja de brinquedos; a oficina; o galpão das renas; a cozinha e a agência dos correios da aldeia.

Depois de tantas informações contidas naquele site, resolvi terminar ali mesmo minha visita. Não me importava mais o endereço do Papai Noel, para solicitar um presente para mandar a uma criança e descobri a minha enorme emoção em fazer uma doação a uma criança carente neste Natal.

Os shoppings e as lojas estão enfeitadas, as campanhas publicitárias têm um apelo emocional que mexe com o povo. As facilidades de crédito se multiplicam, os lojistas querem nos ver felizes, ávidos consumidores sem pensar duas vezes ao usar o cartão de crédito, afinal é o Natal que está chegando, a festa mais bonita e a … mais triste, mais desigual, infelizmente.

Todos os iguais são desiguais. É uma desigualdade que não queremos aceitar, imersos em nossos problemas fingimos que os outros não existem ou, egoisticamente, achamos que os nossos são maiores, mais profundos e não temos “tempo” para pensar, tentar ajudar e colocamos a culpa nos governantes, na seriedade e vamos vivendo cada minuto fugindo dessa realidade que incomoda, angustia.

Começou a temporada de desejarmos um feliz natal a todos. Quem é todos?
Será nós que temos acesso à Internet, que fazemos três ou mais refeições ao dia, que compramos presentes, livros, cds, dvd, ou aqueles que vivem abaixo da linha da pobreza?

Como será o Natal deles? Estarão, infelizmente e até quando meu Deus esperando por uma cesta básica que chega na ante véspera do Natal e no dia da ceia ela já acabou. E nós ficamos felizes, afinal já fizemos a nossa parte, demos o nosso quilo de alimento, as roupas que a família não usa mais, acalmamos nossa consciência e dormimos em paz?

E essas crianças que sonham com um Papai Noel que nunca chega e ao perguntar à mãe porque ele não viera a resposta vem num sopro de impotência, de humilhação – O trenó deve ter quebrado meu filho, mas no ano que vem ele chega e irá abraçá-lo carinhosamente e não deixa que ele perceba que ela chora.

Às vezes o Natal nos entristece justamente por isso. Mesmo sabendo que existem entidades e pessoas boníssimas envolvidas em promover um Natal feliz para as nossas crianças sempre haverá uma grande parcela da população onde o sorriso não aparecerá.

Surpresa maior estava me reservando a agência dos Correios de nossa cidade. Assim que entrei, um funcionário ofereceu-me uma cartinha, escrita em folha simples de caderno escolar, onde um menino, de nome Gabriel Henrique Ferreira, morador na Rua Fortaleza, nº 987, deseja receber uma carrinho com controle remoto, pois seus pais não têm condições de dar-lhe este sonho de criança neste Natal.

Nada me deixa mais triste que a frustração de uma criança.

Conclamo a todos os empresários de nossa querida Naviraí que adotem uma criança carente neste Natal junto aos Correios de nossa cidade, onde você, meu caro empresário, minha cara empresária, você homem de bem, poderá escolher no mural daquele órgão, uma dentre centenas de cartinhas escritas à mão por crianças de nossa cidade que querem ter o direito de sonhar com o Papai Noel neste ano.

O meu presente? – DEUS, abençoa os pequeninos e nunca deixe que lhes falte o pão, a moradia, o agasalho e a saúde.

Muita paz a todos!

Paulo Hamilton

(É professor aposentado em Navirai e colaborador deste site)

E-mail: paulohamilton_acen@hotmail.com

Fonte: Da redação