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Postada por: Jr Lopes dia 09/04/2019
MEC não vai aceitar divergências internas, afirma novo ministro
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Ao assumir oficialmente nesta terça-feira (09/04) o comando do Ministério da Educação, o novo ministro, Abraham Weintraub, disse que não aceitará divergências internas, e que quem criar brigas ou discordar dos rumos da pasta "está fora".

 

Weintraub recebeu o cargo oficialmente em cerimônia com o antecessor, Ricardo Vélez Rodríguez. Antes da transmissão do cargo, ele foi empossado no ministério pelo presidente Jair Bolsonaro.

 

"A gente vai pacificar o MEC. Como funciona a paz? A gente está decretando agora que o MEC tem um rumo, uma direção, e quem não estiver satisfeito com ela vai ser tirado. Existe, sim, obrigação de uma pessoa que está no time. Ela pode ter as convicções pessoais que for. Eu tenho as minhas convicções pessoais", declarou o ministro.

 

"Eu posso ter posições diferentes do que o presidente Bolsonaro acha. Eu tenho duas alternativas: ou eu obedeço, ou caio fora. [...] Isso não quer dizer que a gente é autoritário. A gente quer conversar, mesmo que a pessoa não tenha alinhamento ideológico igual ao nosso, a gente escuta as opiniões", complementou.

 

Passado mais de um dia desde o anúncio da troca de ministro, a nova gestão ainda não indicou nenhum nome que comporá o primeiro escalão do MEC. Há, pelo menos, seis cargos estratégicos vagos. No discurso, Weintraub fez alusão às divergências internas entre grupos de poder.

 

"Pacificar não significa que vamos ser amiguinhos, não. Quem continuar na guerra, batendo, está fora. Não tem segundo aviso", disse.

 

Ao fim do discurso, ele repetiu o recado: "Pisou fora da linha, começou a 'plantar coisa', começou a brigar internamente, está fora na hora. [Se] O pessoal tem alinhamento anterior de esquerda, não vou atrás. Meu objetivo não é esse".

 

Paradigma de eficiência

Apesar de não indicar nomes, Abraham Weintraub disse que estará “desembarcando um time” no Ministério da Educação, e que pretende conversar com todo mundo de forma aberta, desarmada. O objetivo, disse, é transformar a pasta em um “paradigma de eficiência”.

 

“Por que essa determinação? O MEC, toda essa estrutura gigantesca do MEC, esse orçamento de mais de R$ 120 bilhões, advém exclusivamente dos pagadores de impostos. É a ele que nós devemos total lealdade. Não vou dizer subserviência, mas o dever de prestar um serviço de excelência”, afirmou.

 

“Com esses R$ 120 bilhões, a gente consegue entregar mais, deve entregar mais que os indicadores atuais do Brasil, internacionais. Eles são ruins. O Brasil gasta como país rico, e tem indicadores de país pobre per capita”, completou o ministro.

 

Saída de Vélez

Antes de transmitir o cargo, Vélez Rodríguez fez um balanço dos últimos três meses e disse que o novo ministro “encontrará a casa em ordem”, e as cinco secretarias, “funcionando a contento”.

 

“Todas essas secretarias, me consta do ritmo de trabalho dos meus secretários. Começam às 8 horas da manhã e terminam à meia noite, muitas vezes. Porque estamos tentando colocar em prática o ideal do presidente Bolsonaro de o MEC estar a serviço do cidadão”, afirmou o ex-ministro.

 

Vélez falou também sobre a “lava jato do MEC”, nome dado a um pacote de investigações internas que, segundo o ministério, apura mau uso do dinheiro público em gestões anteriores.

 

“Estamos descredenciando faculdades que avançaram o sinal. Estamos entregando nas mãos da Justiça o nome de pessoas que fraudaram a boa fé dos brasileiros. Estamos, portanto, trabalhando na chamada lava jato do MEC. Muita gente diz: ‘foi desmontada’. Mentira, continua, eficiente. Não temos poder de polícia, somos administradores a serviço da educação”, ressaltou Rodríguez.

 

O ex-ministro também criticou a cobertura da imprensa, e disse que foi alvo de campanhas difamatórias. Segundo ele, a ideia de que o MEC estava parado, ou sem direção, é mentirosa.

 

“Mentira se combate com fatos. Me desgastei, paguei um preço, mas não me arrependo. Nunca esmoreci na tentativa de tirar a limpo os maus manejos, as más práticas (...) o desrespeito com o dinheiro do contribuinte”, declarou.

 

“Quando o presidente Bolsonaro me dizia que tinha terminado a minha missão, não fiquei triste. Achei que era uma etapa, uma meta cumprida”, disse Vélez, que deve retomar a carreira de professor de filosofia em Londrina (PR).

 

Cúpula vazia

Até a tarde desta terça, pelo menos seis cargos importantes no primeiro escalão do MEC e das autarquias ligadas à pasta estavam vazios. Eles chegaram a ser ocupados na gestão Vélez, mas os servidores foram exonerados após brigas internas e polêmicas de ampla repercussão.

 

A lista inclui:

O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelas avaliações nacionais;

O diretor de Avaliação da Educação Básica do Inep, diretamente ligado à elaboração e à aplicação do Enem;

O chefe de gabinete do ministro;

O chefe de gabinete do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE);

O secretário de Educação Básica do MEC;

A chefia da assessoria de comunicação do MEC.


Fonte: G1







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