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Postada por: Jr Lopes dia 30/05/2017
Bancos não querem descontar Notas Promissórias da JBS
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Pecuaristas tem poucas chances de conseguir descontar a NPR (Foto: Divulgação)


Mudança no modelo de pagamento pela principal empresa compradora do setor, JBS, falta de concorrência, queda nos preços da arroba, e apreensão dos quanto à liquidez de algumas indústrias, são apenas alguns dos problemas enfrentados pelos pecuaristas em um curto espaço de tempo.

 

Desde que a JBS se tornou uma das protagonistas do escândalo de corrupção no Brasil, as vendas à vista foram suspensas. Sem alternativa ou precisando fazer caixa, o pecuarista se via obrigado a entregar seus animais, solicitar a NPR (Nota Promissória Rural) e realizar o desconto junto à instituição financeira, mas esse tipo de operação também está cada vez mais rara.

 

Segundo Luis Fernando Conte, vice-presidente da Acrimat (Associação dos Criadores do Mato Grosso), os bancos não estão aceitando fazer a desconto. No Estado, há relatos de tentativas no Banco do Brasil, Sicredi e Bradesco, todas sem sucesso.

 

No Mato Grosso do Sul, o pecuarista e conselheiro da Famasul (Federação de Agricultura do Mato Grosso do Sul), Janes Bernardino Onório Lírio, disse ao Notícias Agrícolas, que nem mesmo o Banco Original [também pertencente à Companhia J&F, dona da JBS] estaria aceitando descontar as notas promissórias.

 

Esse cenário trouxe grande apreensão à ponta inicial da cadeia, já que nem mesmo uma empresa do Grupo estaria dando credibilidade a operações com a JBS. Para o vice-presidente da Acrimat, é possível que os bancos estejam aceitando apenas operações de volumes menores, nas quais os riscos são igualmente inferiores. “Pode ser que eles [bancos] também tenham um limite de crédito para essas operações, não dá para saber, porque antes as movimentações eram pequenas.”

 

Mas, além de ter poucas chances de conseguir descontar a NPR, aqueles que efetivamente têm sucesso na operação, ainda correm sérios riscos financeiros.

 

“Antigamente quem vendida para a processadora, poderia pedir a antecipação do pagamento, porque há anos a empresa já não tem preço à vista, mediante ao desconto de 3,1%”, disse Conte. Nesse caso, o produtor estava resguardado, uma vez que descontado a ‘multa’, não havia nenhum outro risco financeiro.

 

“O problema é que com a NPR precisarmos endossar a nota promissória junto à instituição financeira. Se chegar no dia do vencimento e o frigorífico não pagar, temos que arcar com a dívida no banco”, disse Lírio.

 

De qualquer forma, os pecuaristas que necessitam vender têm poucas opções. Buscar indústrias menores, que em sua maioria já estão bem escaladas; entregar para unidades mais distantes; se render a JBS, recebendo com 30 dias; ou então tentar descontar a NPR, nas poucas instituições que ainda aceitam, sem garantias.

 

Até o fechamento dessa reportagem nenhuma instituição financeira se posicional a respeito.


Fonte: Notícias Agrícolas







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