Cerca de dez mil eleitores Naviraienses, na faixa etária entendida como jovens, estão aptos a exercerem o seu direito de voto na próximas eleições do dia 7 de outubro em nossa cidade. Um número bastante significativo que merece um olhar atento e uma profunda reflexão, por parte da nossa classe política.

Assim, achei por bem desenvolver este tema, conclamando a nossa juventude a lutar pelo lugar que é merecedora no cenário político que se avizinha e porque não até mesmo nossos colegas professores, que, impedidos de citar nomes de partidos e de candidatos em sala de aula, mas inteiramente abertos a discussões na orientação de seus alunados sobre temas como cidadania, democracia participativa, o voto consciente e outros temas imprescindíveis para a defesa de causas sociais de interesse coletivo e, muito especialmente, da nossa juventude.

Lamentavelmente, hoje não é preciso ir muito longe para saber o que os jovens querem atualmente da política: DISTÂNCIA!

Conversando com um grupo de jovens, que se reúnem periodicamente em minha casa com meus netos nos finais de semana, cheguei à conclusão que o distanciamento da juventude não se deve ao fato de não terem senso crítico, mas sim aos maus exemplos que alguns políticos cotidianamente lhes transmitem.

A Educação Pública Brasileira vai de mal a pior, a Saúde agoniza e a Segurança Pública preocupa-os a cada dia que passa, além de que, nossos jovens não têm um modelo em que se espelhar. Falta a água cristalina da verdade, faltam líderes que sejam mesmo líderes e que pensem no povo, é uma desolação este nosso gigante adormecido que precisa se erguer e ir à luta para se livrar da podridão da corrupção.

JUVENTUDE. Esta palavra, nos anos 60 era sinônimo de revolta, euforia, revolução. Era muito temida pelos coronéis da ditadura militar e perseguida pelos ideais que levantavam sem medo e conseqüências. Nos dias atuais essa palavra é sinônimo de alienação, desinteresse e até mesmo como fonte de problemas por grande parte da população brasileira.

Não estou dizendo que os brasileiros perderam sua esperança na juventude, mas que certamente não a cultiva com tanto vigor como alimenta a lembrança de uma juventude há algumas décadas. Assim, partindo desse pressuposto, o que nos faz pensar que os jovens têm de diferente dos de décadas passadas, fazendo com que aqueles não concentrem seus interesses em assuntos sócio-político-econômicos.

Na verdade, o jovem não se sente participante e atuante na sociedade. Temos que conseguir fazê-los sentir capaz de transformá-la e contribuir para o seu aprimoramento. Temos que fazer o jovem sentir que faz parte disso, e que ele é essencial para as mudanças que podem ocorrer em nosso país. É preciso que eles se envolvam em projetos sociais, dando a sua parcela de idéias, criatividade e entusiasmo.

O BRASIL E A NOSSA JUVENTUDE MERECE RESPEITO!
Atualmente inúmeros casos de corrupção, diversos escândalos políticos, princípios de desonestidade, dissimulação, negociatas, maneiras mirabolantes de se transportar dinheiro público desviado, nepotismo, bem como uma enorme falta de ética entre outros. Isto faz com que os nossos jovens não tenham confiança e, pior ainda, não lhes permite entender que para haver uma mudança significativa neste quadro é fundamental a sua participação no exercício da cidadania.

É realmente triste perceber que no Brasil, ainda é muito pequena a participação dos jovens em debates relacionados à política. Há muito os nossos “representantes” não nos representam. Os jovens cansaram de ver a ideologia se manifestar apenas no campo das idéias.

Sou defensor de uma política pública voltada para a juventude e que ofereça respostas às diversas necessidades que os jovens possuem, melhorando assim a qualidade de vida e favorecendo ao máximo a participação deles nas decisões políticas do nosso município, do nosso Estado e do País.

Outro erro cometido pelos políticos é tratar a juventude como se fosse um conjunto único. As necessidades dos jovens devem ser observadas de acordo com o local em que vivem, o sexo que possuem e a faixa etária, para assim sabermos as necessidades de cada grupo. É claro que alguns problemas são os mesmos de toda a população, como por exemplo: educação, saúde e emprego. Porém, merecem atenção especial em alguns aspectos como a entrada no mercado de trabalho. Os jovens precisam ter acesso a cursos profissionalizantes e à educação de nível superior.

Mas, diante de todas essas dificuldades e conquistas que ainda poderão alcançar, nem por isso os jovens devem se omitir da política. Devem acreditar, participar, lutar e confiar na força que têm, e exigir dos nossos representantes que façam alguma coisa de melhor para eles, pois a sua força é seu grande instrumento de transformação.

Nos próximos meses a imprensa escrita, falada e televisiva irá começar a transmitir as mensagens de cada partido e candidatos às próximas eleições para Prefeito, Vice-Prefeito e Câmara de Vereadores, e o que muito me intriga é que alguns defendem “certas causas”, como as questões do meio ambiente, saúde, educação, infra-estrutura, segurança, fim do tráfico entre outros.

Outro dia, conversando com uma jovem estudante que votará neste ano, percebi que ela tinha a idéia de que somente um determinado partido político defende as causas do meio ambiente, e na verdade a preservação do meio ambiente é um dever de todos. O que a natureza precisa é de governantes idealistas comprometidos com as atuais e principalmente as futuras gerações. Governo Federal, Estadual e Municipal, cidadãos e cidadãs, todos juntos, defendendo ações ambientais concretas e efetivas. Chega de conversas, precisamos de resultados em todos os seguimentos.

Por estes e outros motivos eu acredito que a inclusão dos jovens na política seja um fator muito importante. Só assim conseguiremos renovar os quadros que aí estão, trazer novas idéias e conseqüentemente benefícios para os jovens de todo o Brasil.

Muitos jovens sonham em mudar o mundo, alguns já arregaçaram as mangas e estão empenhados em tornar este sonho realizado, mas o sonho só se tornará real quando vocês ocuparem seus espaços na política.
Quem sabe, você, meu caro leitor, minha cara leitora jovem, se anime, se conscientize e se junte a nós, para gritar pelos seus e pelos nossos direitos, mostrando aos políticos que não estamos alheios aos interesses desta terra, de seu desenvolvimento e progresso e que não sois nenhum alienado politicamente falando.

O País merece, Mato Grosso do Sul merece, Naviraí merece e nós também! E nada mais digo, a não ser:
ACORDA, NAVIRAÍ!
ACORDA BRASIL!

Um abraço fraternal a todos.

(**Paulo Hamilton, professor aposentado da Rede Estadual de Ensino, membro da Associação Naviraiense dos Poetas e Escritores e  colaborador deste site)

Fonte: Paulo Hamilton