Marina Silva deve deixar o Partido Verde (Foto: Eliária Andrade)

Depois de quase quatro meses de embate com o presidente da legenda, o deputado federal José Luiz Penna (SP), a ex-senadora Marina Silva anuncia, nesta quinta-feira (07), a saída do PV. O evento tentará provar que a candidata derrotada nas eleições presidenciais pode conseguir na sociedade o apoio que lhe faltou dentro do partido.

Dos 15 parlamentares verdes, apenas o deputado Alfredo Sirkis (RJ) declarou que vai se licenciar da legenda para seguir Marina. Entre os 14 restantes, há deputados que estão dispostos a manifestar solidariedade à ex-senadora, mas, mesmo assim, seguirão no partido porque almejam disputar as eleições do ano que vem. O grupo de dissidentes do PV não vê tempo hábil para criar uma nova legenda antes do pleito de 2012.

Sirkis prevê que três ou quatro deputados participarão do evento desta quinta, em São Paulo. - O grupo irá se dividir. Há aqueles que sairão, há os que vão se licenciar para não colocar em risco os mandatos, como é o meu caso, e há outros que vão seguir no partido por questões eleitorais, mas continuarão lutando pela democracia interna - afirmou o deputado do Rio.

Um dos integrantes desse último grupo descrito por Sirkis é o deputado Dr. Aluízio (RJ), que planeja disputar a prefeitura de Macaé. "O que espanta é que o Penna nem se deu ao trabalho de dar uma resposta para a lista de condições mínimas que entregamos a ele, há mais de um mês, para a nossa permanência no partido

"Vou continuar no partido, mas quero deixar claro para a sociedade a minha identificação ideológica com Sirkis, (ex-deputado federal Fernando) Gabeira e Marina. Por isso, vou a São Paulo participar do evento - disse Dr. Aluízio.

Gabeira, atualmente sem mandato, mas cotado para disputar a prefeitura do Rio no ano que vem, está na mesma situação de Dr. Aluízio. Ele é esperado no encontro desta quinta.

Marina recorrerá às redes sociais

Com a dificuldade de viabilizar o apoio dos políticos, Marina quer buscar a sustentação para o movimento que pretende liderar nas pessoas comuns que nunca tiveram ligação com partidos. Para mostrar que a ex-senadora pode protagonizar uma nova forma de fazer política, o evento desta quinta-feira será organizado no formato aquário, em que os líderes sentam no meio da plateia e os participantes podem falar. A ideia é também usar as redes sociais da internet para mobilização.

A pequena solidariedade do mundo político não atrapalhou a popularidade de Marina entre os empresários. Guilherme Leal, candidato a vice na eleição do ano passado, sócio da empresa de cosméticos Natura e um dos homens mais ricos do país, também anunciará nesta quinta-feira sua desfiliação do PV, junto com Ricardo Young, ex-presidente do Instituto Ethos.

Leal, dono de um patrimônio de R$ 1,9 bilhão, doou R$ 11,9 milhões dos R$ 24,1 milhões arrecadados pela campanha presidencial verde. Porém, apesar de continuar ao lado da ex-senadora, o empresário não pretende disputar cargos públicos novamente. Leal se incomodava durante a disputa eleitoral com a obrigação de discursar e com a exposição. Ele acha que pode ser mais útil se atuar apenas nos bastidores, papel que também exerceu na campanha.

Marina deixará o PV porque, entre outros motivos, não conseguiu convencer o presidente do partido, José Luiz Penna, há 12 anos no cargo, a convocar uma convenção para escolha de uma nova direção.

- O que espanta é que o Penna nem se deu ao trabalho de dar uma resposta para a lista de condições mínimas que entregamos a ele, há mais de um mês, para a nossa permanência no partido. Simplesmente ignorou. Isso desrespeita as regras elementares de convivência política - disse Sirkis.

Fonte: O Globo